quinta-feira, 31 de outubro de 2013

ONU lança campanha de prevenção à lavagem de dinheiro



Ficheiro:Flag of the United Nations.svg

Nações Unidas lançam campanha de prevenção à lavagem de dinheiro (UNODC)

As práticas associadas à lavagem de dinheiro movimentam anualmente entre US$ 800 bilhões e US$ 2 trilhões, volume que representa de 2% a 5% de todos os produtos e serviços produzidos no mundo, o denominado PIB Mundial. A estimativa é do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Na opinião de especialistas, boa parte da população desconhece o que está por trás do crime e os problemas gerados na sociedade. Para alertar as pessoas sobre a importância de identificar as práticas, não se envolver e denunciá-las às autoridades, a entidade lançou ontem (29) uma campanha no primeiro Dia Nacional de Prevenção à Lavagem de Dinheiro.

De acordo com um representante do Unodc, Rafael Franzini, o material da campanha está disponível na internet. O objetivo, segundo ele, é articular os setores público e privado e a sociedade civil para desenvolver uma cultura contra a lavagem de dinheiro, responsável por situações de insegurança, ameaças, extorsão e corrupção. A campanha faz parte de uma iniciativa idealizada no escritório da Colômbia.

“A lavagem de dinheiro aparece em filmes e na televisão, mas as pessoas não sabem, muitas vezes, que o crime acoberta outros muito graves. Aparentemente, ele não tem uma vítima clara, não tem como consequência direta a morte de uma pessoa por ter sido baleada, por exemplo. Por isso, é fundamental que as pessoas entendam que o dinheiro que se lava, para justificar sua entrada em circulação, é obtido a partir de crimes como o tráfico de pessoas, de armas e de drogas, a extorsão, a corrupção e o terrorismo”, disse.

Rafael Franzini ressaltou que é preciso ficar atento a qualquer proposta que envolva a obtenção de dinheiro fácil mediante ações para ocultar a verdadeira identidade – origem e apropriação – de um bem ou recurso. Ele enfatizou que os recursos ilícitos asseguram o crescimento de grupos criminosos, a expulsão de seus concorrentes do mercado, o aumento de preço de bens e serviços e a intimidação da população.

“A criatividade dos lavadores de dinheiro é enorme, de forma que pessoas emprestam seus nomes para aparecerem como donos de uma casa ou aceitam abrir contas bancárias e recebem transferências de dinheiro, que devem sacar e repassar a terceiros, recebendo um percentual em troca, sem se dar conta de que estão participando de um esquema de lavagem de dinheiro”, explicou.

De acordo com o Unodc, esforços internacionais têm sido feitos, nos últimos anos, para combater o poder econômico de organizações criminosas, e impedir que ações provenientes de negócios ilícitos resultem em benefícios para os envolvidos e em prejuízos para a economia formal. A Convenção Contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas, de 1988, é a primeira legislação internacional que prevê o crime da lavagem de dinheiro, ao considerá-lo correlato ao tráfico de substâncias ilícitas. Em seguida, a Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, de 2003, e a Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, de 2005, ampliaram as práticas consideradas como lavagem de dinheiro. Os documentos incentivam os países a instituírem unidades de inteligência financeira e sistemas regulatórios e de supervisão das ações relacionadas à prática, para instituições financeiras ou de outros ramos, incluindo pessoas e entidades suscetíveis ao envolvimento em esquemas criminosos.

Agora vejamos quem realmente faz lavagem de dinheiro a escala mundial:

Em Junho de 2010 essa era a notícia que corria o mundo...

"Banco do Vaticano suspeito de lavagem de dinheiro"

"A justiça italiana está a investigar o banco do Vaticano por suspeita de envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro, avançou hoje, terça-feira, o jornal “La Repubblica”. O diário adianta que os alvos da investigação são o Instituto das Obras Religiosas (IOR), nome como é conhecido o banco oficial do Vaticano, e dez outros bancos italianos, incluindo grandes instituições como a Intesa San Saolo e a Unicredit. Segundo o jornal, os investigadores desconfiam que pessoas que têm residência fiscal em Itália estão a usar o IOR como uma "cortina" para esconder diversos crimes, como fraude e evasão fiscal.

O IOR gere contas bancárias das ordens religiosas e associações católicas e beneficia do estatuto "offshore" do Vaticano. Os investigadores descobriram que foram feitas transacções de cerca de 180 milhões de euros, num período de dois anos, numa das contas geridas pelo IOR. Em Setembro de 2009, o representante do Santander em Itália, Ettore Gotti Tedeschi, foi nomeado presidente executivo do IOR." Fonte: JN

Uns meses depois (Setembro de 2010) e...

"Banco do Vaticano suspeito de lavagem de dinheiro"

"Numa acção sem precedentes, um juiz do tribunal de Roma ordenou ontem o congelamento de 23 milhões de euros de uma conta detida pelo Banco do Vaticano, ao mesmo tempo que colocou o líder desta instituição, Ettore Gotti Tedeschi, e presidente do Instituto de Obras Religiosas (IOR, o nome oficial do Banco do Vaticano), sob investigação por alegados "erros" ligados a violações da lei contra a lavagem de dinheiro.

Na passada quarta-feira, um dia antes da partida do Papa Bento XVI para o Reino Unido, uma unidade da polícia fiscal italiana terá alertado a procuradoria-geral do país para a existência de uma "anomalia" numa conta que o IOR detinha no Credito Artigiano, o qual tem laços históricos com a Igreja Católica, revelaram fontes anónimas à agência AP. Dos 28 milhões de euros inicialmente depositados, 23 milhões iriam ser transferidos para a sede do banco norte-americano JPMorgan em Frankfurt, e o resto para outra instituição financeira italiana. Em nenhum dos casos, alegam as autoridades, os banqueiros do Vaticano forneceram detalhes sobre o indivíduo ou corporação em benefício do qual estavam a actuar, contra o que é exigido pela lei". Fonte: Económico

Já em Julho deste ano, surgiram estas conclusões...

"Banco do Vaticano poderá ter facilitado lavagem de dinheiro"

A investigação centrada na transferência de 23 milhões de euros efectuada a partir do banco do Vaticano para o Credito Artigiano em Setembro de 2010.

O banco do Vaticano gere fundos no montante de cerca de sete mil milhões de euros REUTERS/STRINGER

"Investigadores italianos disseram hoje que o banco do Vaticano operava de forma a facilitar a lavagem de dinheiro, de acordo com documentos citados por dois jornais italianos, na sequência de uma investigação de três anos. O banco, oficialmente conhecido como Instituto para Obras Religiosas (IOR em italiano), não efectuou controlo suficiente sobre os seus clientes e os titulares de contas eram autorizados a transferir grandes somas de dinheiro para contas de outras pessoas. “Há um elevado risco de que a forma como opera o IOR, sem especificar os seus clientes reais, possa ser usada como uma tela para esconder operações ilegais”, escrevem os procuradores do Ministério Público, num documento citado pelo Corriere della Sera.

Os responsáveis culparam também os bancos italianos por aceitarem transferências do IOR sem investigar a origem do dinheiro, que é depois transferido para outros bancos. “O IOR pode facilmente tornar-se num canal para a lavagem de dinheiro com uma origem criminosa”, afirmaram os responsáveis, contrariando também as declarações do IOR de que os seus titulares de contas são todos congregações religiosas ou elementos do clero. “Há também particulares que podem depositar dinheiro e abrir contas pela relação especial que têm com a Santa Sé”, afirmaram.

A investigação está centrada na transferência de 23 milhões de euros efectuada a partir do banco do Vaticano para o Credito Artigiano em Setembro de 2010, dos quais três milhões de euros seguiram depois para a Banca del Fucino e 20 milhões de euros para o JP Morgan Frankfurt. A transferência foi assinada pelo então director-geral Paolo Cipriani e o seu adjunto Massimo Tulli, que renunciaram na semana passada. No final de Junho, o papa, de 76 anos, criou uma comissão especial de cinco membros, cuja missão é investigar o banco e transmitir as informações directa e pessoalmente ao líder da Igreja católica.

O primeiro relatório da comissão deverá estar pronto em Outubro e poderá levar a maiores reformas no banco.  O IOR não empresta dinheiro, mas gere fundos para os departamentos do Vaticano, obras católicas e congregações, bem como de padres e freiras que vivem e trabalham em todo o mundo. O banco gere fundos no montante de cerca de sete mil milhões de euros. Em maio, Rene Bruelhart, director da Autoridade Financeira do Vaticano, afirmou terem sido comunicados seis relatórios de actividades financeiras suspeitas no Vaticano, no ano passado, e três pedidos de informação de autoridades estrangeiras". Fonte: Público

a "cereja no topo do bolo" veio de França em Agosto do corrente ano...

"Vaticano ocupa 8.º lugar global em lavagem de dinheiro"

A pesquisa foi realizada pela rede de organizações sociais francesas Voltaire, com base em dados fornecidos por autoridades alemãs e suíças. No ano passado, o Instituto de Obras da Religião (IOR), nome oficial do Banco do Vaticano, epicentro do problema, teria lavado cerca de 24,6 mil milhões de euros. Artigo de Dermi Azevedo, publicado na Carta Maior.


O Vaticano ocupa o 8.º lugar do mundo entre os países que lavam dinheiro sujo, oriundo da sonegação de impostos, da obtenção de lucros ilícitos, do tráfico de armas e de drogas, entre outras fontes criminosas. 

"O Vaticano conseguiu deixar para trás, em matéria de lavagem de dinheiro, países como a Suíça, Bahamas, Liechtenstein, Nauru e as Ilhas Maurício. A pesquisa foi realizada pela rede de organizações sociais francesas Voltaire, com base em dados fornecidos por autoridades alemãs e suíças. No ano passado, o Instituto de Obras da Religião (IOR), nome oficial do Banco do Vaticano, epicentro do problema, teria lavado cerca de 24,6 mil milhões de euros. 

Esta informação tem um caráter aproximativo, porque ninguém (nem mesmo o papa) tem acesso ao balanço real da instituição bancária mais secreta do planeta.

Neste momento, está em atividade uma comissão formada por cardeais e outros assessores do papa Francisco cuja missão é precisamente a de investigar os bastidores do IOR e de apresentar ao pontífice propostas de mudanças radicais no banco. Não está excluída a possibilidade de encerramento do instituto e a sua transformação numa entidade que possa administrar os recursos financeiros da cúpula da Igreja Católica Romana.

O mais recente escândalo no banco foi a prisão do monsenhor Nunzio Scarano, ex-chefe de contabilidade do IOR que integrava a APSA, um organismo do IOR que gere o património da Santa Sé. É acusado de corrupção, calúnia e fraude pela polícia financeira italiana. O papa foi comunicado sobre a prisão de Scarano e ordenou à sala de imprensa do Vaticano que divulgasse uma nota, informando que o assessor já havia sido suspenso do seu cargo em maio deste ano. É acusado de transferir para o IOR um total de 20 milhões de euros, da Suíça para uma conta de armadores napolitanos. A Justiça italiana rejeitou, no sábado passado, o recurso do monsenhor Scarano. Ele continua em prisão domiciliária no Vaticano.

Antiga fama

A situação do IOR foi o tema de um dos debates mais acalorados pouco antes do conclave, na Capela Sistina, quando alguns cardeais de todos os continentes questionaram uns aos outros sobre a responsabilidade dos principais assessores do papa renunciante Bento XVI no andamento da corrupção no Banco do Vaticano. Alguns cardeais dos países menos desenvolvidos, mas também da América do Norte e da Europa, divulgaram essa informação. Considera-se que esse debate foi importante para que, em seguida, os cardeais tenham votado secretamente no argentino Jorge Bergoglio como novo papa.

A primeira atitude do novo pontífice foi a de nomear a comissão especial para a reforma do banco. Assessores de sua confiança mantiveram também contacto com a União Europeia à procura de assessoria técnica, por meio do Moneyval, que é um organismo da UE que avalia e executa medidas contra lavagem de dinheiro e contra o terrorismo.

Em 1997, o Conselho da Europa criou a Comissão Especial de Peritos sobre a Avaliação de Medidas Anti lavagem de Dinheiro, com a sigla PC-R-EV, como um sub comité do Comité Europeu para os Problemas Criminais (CDPC). Em 2002, o nome da comissão foi mudado para Comité de Peritos sobre a Avaliação das Medidas de Combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo, com a abreviatura Moneyval, por entender que a sigla anterior não expressava com clareza os seus objetivos.

O IOR foi fundado em 27 de junho de 1942 pelo papa Pio XII. Os seus estatutos foram redigidos de tal forma que nem o papa tem acesso direto à sua administração. Já nas primeiras décadas dos anos 40, foram levantadas suspeitas de que banco poderia guardar verbas produzidas pelo regime nazista e também por banqueiros judeus perseguidos. 

O caso Marcinkus tornou-se o escândalo mais conhecido envolvendo o IOR. O então arcebispo norte-americano foi responsabilizado, pelas autoridades italianas, de envolvimento com a Máfia, na falência do Banco Ambrosiano, que também envolveu a loja maçónica P-2 e vários banqueiros. O caso inspirou até mesmo a produção de filmes e de vários livros". Fonte: Esquerda

P@r Odnanref Osodrac



Diplomata venezuelano expulso dos EUA é o novo responsável da diplomacia para a Europa

Presidente Maduro diz que está melhor em Caracas do que estava em Washington.



Nicolás Maduro acusa EUA de financia oposição REUTERS

O presidente Nicolás Maduro recebeu, na sexta-feira, Calixto Ortega, encarregado de negócios da Venezuela nos Estados Unidos, expulso em represália à medida similar adoptada por Caracas.

No evento, Maduro anunciou Ortega como o novo vice-chanceler para a Europa.

“Decidi nomear Calixto Ortega vice-chanceler de Relações Exteriores para a Europa. É melhor estar em Caracas do que estar em Washington. Bem-vindo, missão cumprida, Calixto!”, declarou Maduro, no comício transmitido pela televisão.

Segundo Maduro, Ortega chegou nesta sexta-feira dos EUA, depois de ter recebido a ordem para deixar o país, junto com outros dois diplomatas, na última terça. Tal aconteceu, depois do Presidente venezuelano ter dado ordem de expulsão a diplomatas norte-americanos, no início da semana.

Na segunda-feira, Maduro anunciou a expulsão da encarregada de negócios dos EUA em Caracas, Kelly Keiderling, e de outros dois diplomatas americanos, os quais acusou de estimular e financiar a oposição para praticar actos de sabotagem económica e eléctrica no país.

Conflito entre China e Japão se intensifica: China promete guerra se Japão derrubar drones


As disputas territoriais entre o Japão e a China estão ficando mais tensas (Sam Yeh/AFP/Getty Images)

A disputa territorial no Mar do Leste da China está ficando mais acirrada. O Japão emitiu ordens para abater drones (veículos aéreos não tripulados) estrangeiros em seu espaço aéreo e a China prometeu guerra se o Japão derrubar seus drones.

O conflito é sobre as ilhas Senkaku, chamadas pela China de ilhas Diaoyu. As três ilhas áridas têm estado sob controle japonês desde 1895. Elas passaram para o controle dos EUA quando da rendição japonesa após a 2ª Guerra Mundial, mas foram devolvidas ao Japão em 1972.

Na semana passada, o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe deu ordens ao Ministério da Defesa para abater qualquer drone estrangeiro que ignore os avisos de deixar o espaço aéreo japonês. O porta-voz do Ministério da Defesa chinês Geng Yansheng respondeu no sábado. De acordo com a mídia estatal chinesa Xinhua: “Geng disse que se o Japão fizer tal movimento, isso seria uma provocação grave à China e um ato de guerra e a China tomará medidas resolutas para contra-atacar.”

O próximo passo poderia moldar o futuro da região. “A diplomacia chinesa colocou o Japão numa situação de perda total”, disse a professora June Teufel Dreyer, do Departamento de Ciência Política da Universidade de Miami. “Se eles abaterem um drone, então isso seria um ato de guerra dos japoneses. Mas se eles não repelirem os drones e embarcações de vigilância, os chineses simplesmente assumirão o controle das ilhas.”


Dreyer acredita que a China usará sua estratégia típica. Segundo a professora, a China pressionará duramente, dará um passo atrás e esperará por um incidente que lhe permita criticar o Japão, em seguida, avançará novamente.

Ela disse que o Artigo 9 da Constituição japonesa, que proíbe a guerra como meio de resolver conflitos internacionais, poderia ser um fator incapacitante para o Japão. Ela disse: “Eu acho que os chineses tomarão as ilhas gradualmente.”

Edward Luttwak, associado-sênior do Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais e autor de “The Rise of China vs. the Logic of Strategy”, vê as coisas de outra forma.

Ele disse que recuar contrariaria o caráter japonês e acredita que o Japão manterá as ordens de abater drones chineses, caso a China teste a determinação japonesa. A partir daí, a bola estará no campo da China. “Eles estão brincando com fogo, mas eu não posso acreditar que a liderança chinesa de fato cruzaria o limiar”, disse Luttwak.

Ele acrescentou que uma de duas opções está por trás das ameaças da China. “Ou o governo chinês perdeu completamente o bom senso”, disse ele, ou eles estão usando uma antiga estratégia chinesa “que é possível ganhar com exibições teatrais inteligentes”.

Após as ordens japonesas para abater aviões chineses em seu espaço aéreo; na segunda-feira, a China enviou quatro navios da guarda costeira para as águas disputadas. No mesmo dia, a mídia estatal chinesa Global Times escreveu: “A China não tem se envolvido numa guerra por um longo tempo, mas uma guerra se aproxima após a provocação radical do Japão.”

Se um conflito começar, isso poderia ter um efeito dominó em toda a região da Ásia-Pacífico. A China está envolvida em disputas territoriais com a maioria de seus vizinhos, incluindo a Índia, Vietnã, Taiwan, Filipinas e Malásia e a possibilidade de intervenção dos EUA também não deve ser descartada.

A China tem muito a perder e pouco a ganhar. Luttwak disse: “Um pequeno incidente iniciaria uma cadeia de grandes consequências econômicas. Isso poria um fim ao ciclo de prosperidade chinesa.” Luttwak comentou que a loucura humana tem sido um tema ao longo da história, mas que a China sacrificar tudo “por causa de três rochas, isso ficaria para a história”.

Nestlé patenteia milhares de componentes produzidos pelo corpo humano



Autoridades advertem que "é loucura" conceder às empresas patentes relacionadas ao leite materno, às células e aos fluidos


Logotipo da Nestlé Internacional em sua nova sede, em Nova Dheli, na Índia, em Novembro de 2012 (SAJJAD HUSSAIN/AFP/Getty Images)

Não é só a Monsanto que patenteia componentes da natureza, como as sementes, orientando os agricultores a comprar apenas as sementes certificadas, mas agora também a Nestlé está patenteando componentes do ser humano, como o leite materno e outros elementos do corpo.

A Organização Netzfrauen salientou que o fato de que os produtos naturais, sejam humanos ou vegetais, como as sementes de plantas, estejam sendo patenteados e tornem-se propriedade das grandes corporações é uma grande mudança de gestão, o que concede a elas seu poder e domínio.

Netzfrauen criticou o fato de que a Food and Drug Administration (FDA) define as células humanas como uma droga, a fim de que possam competir com produtos registrados.

“As pessoas têm suas células-tronco, seus tecidos e fluidos. Uma empresa que concede patentes que se relacionam com o leite materno é uma loucura “, destacou em seu relatório.

O ser humano tem esses produtos próprios para defender o organismo contra vírus, bactérias e outras doenças. O leite materno contém proteínas, lactose, carboidratos, triglicerídeos e gordura. Contém ácido oleico, que remove as células tumorais de gordura, bem como as gorduras insaturadas, destacou a organização.

Com a amamentação, que nos tempos modernos foi reduzida a seis meses e que no passado chegava a dois anos, os bebês se mantêm saudáveis até formar seu próprio sistema imunológico e defesas que perdurarão por toda a vida. Pediatras do mundo todo promovem o aleitamento materno como sendo vital para a saúde humana.

“O material genético contido no leite materno não pode ser patenteado para fins comerciais”, diz Netzfrauen, observando que nem mesmo pode ser combinado”, como um fator adicional para suas patentes existentes.”
“Converter um produto humano como algo sob posse de uma patente é grotesco e nunca deve ser permitido. Os cientistas mal podem esperar para dizer que eles são donos da terra, do ar, da água e de tudo o que está ao seu alcance, então “descobriram” que o leite materno já não pertence à vida, mas é propriedade das empresas”, acrescentou a organização.

No mês de julho, a organização informou que há 2.000 patentes de componentes do leite, e detalhou o caso da Nestlé, contra a qual existe uma petição: “Nestlé, pare com as patentes de componentes do leite humano”, promovida pela nutricionista Valerie McLain, do Canadá, e a organização IBFAN (Rede International Baby Food Action).

A Netzfrauen também cita, com preocupação, que a empresa Prolacta Biosciences, da qual um dos diretores é Ernie Strapazon, da Nestlé, planeja coletar leite materno de hospitais e comprá-lo em parceria com outras empresas para comercializá-lo como uma droga no mercado, para os mesmos hospitais, disse a organização, de acordo com uma reportagem da BBC.

“A empresa também planeja realizar uma análise detalhada do leite materno. De acordo com estimativas preliminares, o leite materno contém cerca de 100 mil componentes diferentes. Até agora, os pesquisadores sabem de apenas alguns poucos deles “, acrescenta Netzfrauen. Em seu site, a Prolacta promove doações de leite materno “para arrecadar fundos para caridade e ajudar doentes e bebês prematuros.”

A Prolacta destaca, por sua vez, que o Sr. Strapazon “liderou um esforço pioneiro para estabelecer o negócio de nutrição infantil da Nestlé dos EUA”. Foi Presidente da Divisão de Nutrição Nestlé, e estava incumbido da “gestão de marca, planejamento estratégico global, inovação / renovação e administração geral.”

Venda de produtos paralelos

Paralelamente ao questionamento ético da certificação de produtos próprios do corpo humano, nas redes sociais e na Internet surgem negócios ilegais onde estes componentes são mencionados.

Em fóruns femininos difundidos na Internet, encontram-se publicidade de produtos descritos como patenteados e aprovados por algum Ministério da Saúde e que, supostamente, incluem componentes do leite materno “patenteado”.

Estes produtos vendidos em redes de comércio marginal são normalmente oferecidos para prevenir doenças como a depressão, a doença de Alzheimer, dor de cabeça e outros estados não normais, que podem ser evitados com uma dieta saudável, a partir de leite materno.

Datagate: o Sorm da Rússia


Enquanto o simpático Barack Obama afirma "compreender as preocupações" dos 35 líderes mundiais cujas conversas telefónicas foram espiadas pelos Estados Unidos, vamos ver o que se passa do outro lado da antiga Cortina de Ferro.

As recentes revelações do The Guardian sobre as medidas de vigilância adoptadas pela Rússia para garantir a segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, fazem lembrar os sistemas de espionagem utilizados pelaNational Security Agency (NSA) dos EUA.

Desde já: há profundas diferenças não apenas técnicas entre os dois sistemas, como também no alcance das operações de controle e, sobretudo, nas concepções geopolíticas acerca da vigilância de Internet: se os Estados Unidos têm a ambição de colocar sob controle todo o sistema de comunicação global, chegando a espiar os fluxos de comunicação no interior dos países (França, Alemanha, México...), a Rússia tem metas aparentemente mais modestas. Basicamente, Moscovo está interessada em controlar os seus próprios cidadãos e aqueles dos Países nascidos após a dissolução da antiga União Soviética.

Isso não quer dizer que Moscovo não tenha ferramentas para espiar electronicamente outras áreas do mundo, com satélites e estações de escuta, bem como com o emprego de sofisticados hackers: mas tudo isso não iguala o sistema da ​​NSA, que pode contar também com os aliados de língua inglesa (como no caso do sistema britânico Tempora) e, talvez, até dos chineses. 

A estratégia norte-americana tem dois vertentes, aparentemente contraditórias mas que na verdade complementam-se perfeitamente: a vigilância global das comunicações e a promoção da "liberdade" da internet.

Washington, na verdade, suporta o uso dos novos media e das redes sociais dos regimes adversários (anti-ocidentais ou considerados não úteis para a estratégia norte-americana), ver o caso do Egipto do ex presidente Mubarak. Para este fim, o governo dos EUA é um dos principais financiadores do programa Tor, que permite a navegação "segura" na Internet para fugir aos sistemas de vigilância utilizados pelos Estados-ditatorial ou alegados tais. Claro, a NSA também criou (aparentemente com um sucesso parcial) as técnicas para espiar aqueles que usam Tor, porque este programa pode ser usado por terroristas, traficantes de drogas e outros criminosos. Mas também por privados cidadãos que desejem um pouco de privacidade.

Perante à ofensiva norte-americana, a Rússia de Putin joga na defensiva, como a tentativa de controle dos bloggers que se opõem ao Kremlin ou a promoção dum ciberespaço vigiado, partilhado com os Países ex-União Soviética.

O Sorm

No centro da estratégia russa está o sistema Sorm (Система Оперативно-Розыскных Мероприятий, Sistema de Pesquisa das Medidas Operacionais), cuja estrutura original foi projectada nos meados da década dos anos Oitenta pelo KGB. A estrutura foi mais tarde recuperada pelo FSB (Serviço Federal de Segurança) e constantemente actualizada.

Assim, existem pelo menos três versões do sistema:
  • Sorm - 1 para a interceptação de telefones fixos e móveis;
  • Sorm - 2 para a vigilância de Internet;
  • Sorm - 3 que recolhe as informações de todas as formas de comunicação, armazenadas por um longo período de tempo.
Entre as informações recolhidas há conteúdos (gravações de conversas telefónicas, mensagens de texto, e-mail) e metadados (tempo, duração e local da chamada ou ligação, etc.).

Os operadores de telefonia e os provedores de serviços de Internet (ISPs) russos são obrigados por lei a instalar nos seus routers e servers os equipamentos de monitorização, ligados através de conexões seguras ao mais próximo escritório do FSB. No dia 21 de Outubro, a imprensa russa informou também acerca dum projecto do Ministério das Comunicações segundo o qual os provedores deverão conservar ao longo de 12 horas o tráfego de Internet dos seus clientes (incluindo e-mail e actividades nas redes sociais), permitindo o acesso directo e sem mandado aos dispositivos de segurança.

Descrito como um "Prism com esteróides" por causa da sua capacidade de invasão (devido às técnicas dedeep packet inspection que permitem filtrar os conteúdos das ligações internet e VoiP) o Sorm, no entanto, concentra-se área russa e da Ásia Central. O próprio facto do FSB ser não pelo Svr (o serviço de intelligenceno estrangeiro, herdeiro da Primeira Direcção Central da KGB) parece indicar que este é mais um instrumento de controle interno e não é um sistema de espionagem global como aqueles utilizados pela NSA.

É claro que os estrangeiros ligados às redes russas através de smartphonelaptop, etc. seriam alvos da vigilância de Moscovo. E é por esta razão que as autoridades norte-americanas, em ocasião dos Jogos em Sochi, têm publicado uma série de recomendações, dirigidas aos seus próprios cidadãos, para tentar evitar a interceptação do FSB (de facto, não faz sentido ser espiados por dois lados ao mesmo tempo: um pouco deprivacy!).

À sombra do Kremlin 

Sorm -3 também foi exportado para aqueles Países que surgiram a partir da dissolução da União Soviética, como a Ucrânia (onde foi instalado um procedimento mais invasivo, que permite a interrupção das conversas telefónicas em tempo real), o Quirguistão, o Uzbequistão, a Bielorrússia. Estes Países têm adoptado sistemas de vigilância de comunicações derivados mais ou menos directamente do Sorm russo, fornecidos por empresas ligadas à FSB. Em 2012, a companhia telefónica nacional da Bielorrússia, a Beltelecom, anunciou que tinha instalado o Sorm nos seus equipamentos de rede, com componentes fornecidos em grande parte pela empresa russa Digiton.

Outra empresa russa, a Iskratel, tem actualizado o Sorm ucraniano controlado pelo Sbu (Serviço de Segurança da Ucrânia) enquanto a Oniks -Line de Moscovo e a Signatek de Novosibirsk têm fornecido equipamentos electrónicos para a segurança do Quirguistão. Neste último caso, as empresas russas bateram a concorrência da israelita Verint, uma das gigantes da indústria global suspeita de ser um poderosotrojan horse (cavalo de Tróia) da espionagem de Tel Avive.

As chamadas "Primaveras Árabes" levaram a um reforço da cooperação neste domínio entre os Estados da antiga União Soviética, em particular no âmbito da Organização do Tratado de Segurança Colectiva (Csto), cujos membros incluem Rússia, Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, e da Organização de Cooperação de Xangai, que reúne Rússia, China e quatro Repúblicas da Ásia Central ex-União Soviética.

Moscovo não tenciona apenas fornecer a tecnologia de vigilância aos seus parceiros, mas também vai desenhar com eles uma estratégia para combater o smart power americano que explora o desejo de aberturas mais democráticas por parte da população do antigo espaço soviético para aumentar a sua influência na região em formas mais ou menos pacíficas e indirectas.

Várias fundações dos EUA (Ned-National Endowment for Democracy e organismos ligados a este), não perdem ocasião para encorajar e ajudar os movimentos de protesto que fazem uso de modernas ferramentas de comunicação, principalmente as redes sociais. É principalmente neste domínio que a Rússia pretende promover uma estratégia de defesa comum no espaço ex-soviético, em colaboração (sempre que possível) com outros Países, como a China, para combater as actividades dos adversários através dos novos media.

Para Moscovo e os seus aliados, a ciberdefesa não está apenas relacionada à protecção contra ataques cibernéticos das suas infra-estruturas (redes de telecomunicações e eléctricas, bancos, etc.), mas acima de tudo é uma protecção "psicológica" das pessoas da "influência negativa" dos blogues e das redes sociais usadas pelos adversários.

O risco é criar uma espécie de gigantesca "intranet" dentro do espaço da Organização do Tratado de Segurança Colectiva e talvez amanhã expandi-lo para alguns dos Brics: transformar internet num conjunto de redes fragmentadas, controladas pelo Big Brother da zona. Uma possibilidade talvez remota, mas as revelações de Snowden proporcionam cada vez mais novos argumentos para aqueles que questionam o actual "governo" americano de Internet.

Palestina: Arrancados


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Duas imagens condensam a mensagem contida no recente relatório do Banco Mundial sobre o estado da economia Palestina.

A primeira é um cartaz da campanha Visualizing Palestine (Visualizando a Palestina), que mostra uma imagem modificada do Central Park de New York: estranhamente vazio. Entre os arranha-céus, o parque tem sido despojado das suas árvores e a legenda explica: desde o início da ocupação, em 1967, Israel tem arrancado 800.000 oliveiras pertencentes aos palestinianos, o suficiente para encher 33x Central Park.

A segunda imagem, uma fotografia amplamente divulgada em Israel no mês passado, é duma diplomática francesa no chão, olhando para os soldados israelitas que a rodeiam com as armas apontadas. Marion Castaing tinha sido maltratada quando, com um pequeno grupo de colegas diplomatas, tentavam fornecer ajuda de emergência, incluindo tendas, para os agricultores palestinianos cujas casas tinham acabado de ser arrasada.

As demolições foram parte dos esforços de longo prazo de Israel para remover os palestinianos do Vale do Jordão, o coração agrícola de um futuro Estado palestiniano. O desafio da diplomata Castaing teve como resultado o facto de ser repatriada para a Europa, como as autoridades francesas a tentar evitar um confronto com Israel.

O relatório do Banco Mundial é uma maneira discreta de afirmar o que a Castaing e os colegas esperavam destacar de forma mais directa: Israel está gradualmente a minar os alicerces sobre os quais os palestinianos poderiam construir a vida económica num Estado viável.

A Área C

O mesmo relatório segue uma longa série de alertas feitos nos últimos anos por várias organizações internacionais sobre a desastrosa situação económica que os palestinianos têm que enfrentar. O foco do relatório é a Cisjordânia, conhecida como Área C, que fica exclusivamente sob o controle israelita e na qual Israel implantou mais de 200 colónias para apropriar-se da terra e dos recursos palestinianos.

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Marion Castaing
O relatório do Banco Mundial deve ser visto como um complemento à decisão, tomada no Verão pela União Europeia, que exclui dos financiamentos da UE as entidades associadas às colónias. Por sua vez, reflecte a crescente frustração internacional por causa da intransigência israelita e a aparente impotência (e cumplicidade) dos Estados Unidos.

Com Israel e os palestinianos obrigados a regressar à mesa das negociações, em Julho, e depois que a Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, ter alertado que esta era a "última possibilidade" para um acordo, a comunidade internacional está desesperadamente tentando exercer uma qualquer pequena influência sobre Israel e os EUA para obter um Estado palestino .

A preocupação do Banco Mundial para a Área C é justificada. Este é o lugar onde ficam quase todos os recursos que um eventual Estado palestiniano terá de explorar: terrenos não urbanizados para futura construção, terras aráveis ​​e recursos hídricos para o cultivo; pedreiras e o Mar Morto para os minerais e sites arqueológico para atrair o turismo.

Com o acesso a estes recursos, a Autoridade Palestiniana poderia gerir uma receita adicional de 3,4 biliões de Dólares por ano: aumentaria o seu PIB de um terço, reduziria um deficit crescente, diminuiria uma taxa de desemprego que atinge 23%, reduziria a pobreza e a insegurança alimentar e ajudaria o nascente Estado a libertar-se da dependência da ajuda estrangeira. Mas nada disso pode ser alcançado enquanto Israel mantiver a sua barbárie na Área C em violação dos acordos de Oslo de 1993.

Israel tem enraizado o seu domínio na Área C devido à riqueza em recursos naturais da zona: não quer que os palestinianos obtenham os bens com os quais construir um Estado e, ao mesmo tempo, não quer perder os muitos benefícios materiais que ganhou na mesma Área.

O comportamento israelita na zona desmente a afirmação do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, segundo o qual exerceu uma "paz económica" com os palestinianos. Em vez disso, a descrição da política israelita como "guerra económica" fica muito mais próxima da realidade.

Nos últimos anos, a disparidade entre o PIB per capita de Israel e aquele dos palestinianos atingiu o dobro e o Banco Mundial afirma que a economia palestiniana está rapidamente a parar: o crescimento de 11 por cento que Netanyahu tinha planeado para 2011 reduziu-se drasticamente para 1,9 % nos primeiros seis meses deste ano. Na Cisjordânia, o PIB real contraiu-se 0,1%.

A Área C precisa dos fundos da Palestina. Os investidores são avessos a lidar com as autoridades militares israelitas que, invariavelmente, negam o desenvolvimento e condicionam severamente os movimentos. A imagem da diplomática francesa na terra é a que melhor simboliza o comportamento: os agricultores palestinianos não podem praticar culturas rentáveis ​​com a quantia de água racionada que Israel concede.

Cientes dos muitos obstáculos no desenvolvimento da Área C, as autoridades palestinianas têm simplesmente ignorada-a, concentrando-se no território da Cisjordânia ainda livre, densamente povoado e pobre em recursos.

Na verdade, o relatório do Banco Mundial afirma o plano do Secretário Kerry (investimentos estrangeiros na Cisjordânia) não é apenas errado, é deliberadamente enganoso: não pode haver nenhum sério investimento enquanto Israel ocupar a Área C..

A ideia de que uma ajuda financeira ou o plano económico de Netanyahu possam resultar é uma ilusão. A paz e a prosperidade só chegarão quando os Palestinianos estarão livres do controle israelita.

Yemen: petróleo, corrupção, fome e drones.


A intenção deveria ser tentar evitar os conflitos: mas desde que isso não está em nosso poder, podemos ver quais zonas do planeta reúnem as condições para tornar-se novas frentes. E  há um País que parece ser o melhor candidato neste aspecto: o Yemen. 

A República do Yemen é um País muçulmano que ocupa a parte sul da Península Arábica. É rodeada pelo Mar Vermelho, o Golfo de Aden e o Mar da Arábia. Faz fronteira com o Omã e a Arábia Saudita. A capital é Sanaa. Todas cosias que é possível encontrar em qualquer enciclopédia.

O Yemen é um País tradicionalmente pobre e dividido em diferentes grupos étnicos, sobretudo os Hashid e os Bakil. O confronto entre o partido único (o Congresso Geral do Povo) e o ramo iemenita da Irmandade Muçulmana é uma constante na vida política. O Congresso Geral do Povo tem sido ao longo das décadas a face política da ditadura secular, enquanto a Irmandade Muçulmana prefere um governo mais islâmico, embora não seja claro quanto mais democrático.

Desde janeiro de 2011, coincidindo com a propagação dos protestos no mundo árabe, começaram as agitações no Yemen, que tinham como objectivo derrubar o poder de Ali Abdullah Saleh, no poder de forma contínua desde 1978. Apesar de Saleh ter tentado acalmar os manifestantes, os militares dispararam sobre a multidão na praça central em Sanaa, matando pelo menos 50 pessoas.

Embora o governo alegou não ter nada a ver com o banho de sangue, o massacre tem servido para estimular a queda de Saleh e para iniciar um período de instabilidade que reforçou os líderes dos grupos étnicos: lentamente, tornaram-se autênticos senhores da guerra enquanto ficaram fortalecidos os grupos armados islâmicos. Há muitas diferenças entre os vários grupos, mas no Ocidente tendem a ser agrupados sob o rotulo genérico de Al-Qaeda, sem muitas distinções.

A queda do ditador não melhorou em nada a situação da população, economicamente ou em termos de paz e segurança. Os ataques terroristas contra os civis ocorrem com frequência e o País parece à beira de explodir.

A importância geoestratégica da Península Arábica, onde qualquer tentativa de revolução islâmica poderia espalhar-se para a Arábia Saudita (o que significa: capacidade de exportar petróleo) implica que os serviços secretos dos Países ocidentais estão a trabalhar  no território iemenita em busca de uma estabilidade que não têm ideia de como alcançar.

As causas

As causas deste conflito estão além das questões políticas.
Apenas 1% da área total é irrigada. Com este tipo de geografia física, o Yemen agora é forçado a importar 95% dos cereais e 82% de todos os alimentos consumidos no País. E o pior é que os dados são reconhecidos pelo governo iemenita. Em outras palavras: não há comida suficiente para 24 milhões de habitantes.

Como o Yemen chegou a este ponto?
Eis o gráfico da evolução demográfica no País, o que é muito revelador:

Apesar do gráfico ir só até 2008, é evidente o crescimento da linha da população. E é um crescimento sem sentido num País sem recursos alimentares: o Yemen em 1980 tinha menos de 10 milhões de habitantes e hoje, após mais de 30 anos, esse número duplicou amplamente. Mas, ao mesmo tempo, nada foi feito para aumentar os recursos alimentares: o deserto ficou deserto, a riqueza foi simplesmente acumulada até o colapso financeiro global de 2008. Aí, a base do País revelou-se fraca demais para suportar uma tal população.

90% das exportações totais do País vêm do petróleo. Da mesma fonte chega o 74% de todos os impostos cobrados pelo governo, seja na forma de direitos sobre a exploração ou o refino e o consumo. E aqui começam os problemas: petróleo e um Estado corrompido pelas multinacionais, um governo incapaz de controlar um território complexo.

Resultado: a comida que os iemenitas comem absorve metade das receitas do petróleo. Há depois os gastos com a segurança pública, as (escassas) infra-estrutura ou os (limitados) serviços prestados.
Outro gráfico:

A produção dos poços de petróleo declina rapidamente, por razões naturais e por falta de investimentos na exploração de novos campos, muito mais caro e com uma produção de qualidade inferior. Ao mesmo tempo, a economia iemenita, que consome cada vez mais petróleo, deixa cada vez menos barris para a exportação.

Dado que o exportado é a diferença entre o produzido e o consumido internamente, com o gráfico temos uma ideia clara do que está a acontecer com as finanças do País: não é possível continuar a comprar comida, que custa, com um governo praticamente falido.

Paradoxalmente, são os grupos tribais os únicos que podem dar um pouco de apoio real aos indivíduos, enquanto a debilidade financeira do governo permite que em grande parte do território apareçam os senhores da guerra e os líderes radicais.

No meio de tudo isso, eis que aparece o Ocidente preocupado com Al-Qaeda. Ninguém fala da miserável condição dos habitantes ou dos problemas dum governo corrupto: é Al-Qaeda que preocupa, é o radicalismo religioso. Por isso, eis os drones que esvoaçam para abater os inimigos da democracia. Uma democracia que o Yemen nunca conheceu.

Mas não há nada de religioso: é normal que as pessoas fiquem mais radicalizadas perante uma situação que piora constantemente. Se por enquanto o Yemen está ainda em paz (mais ou menos), isso é apenas por causa do fluxo de dinheiro injectado pelas monarquias do Golfo, assustadas pela ideia que os distúrbios possam espalhar-se para fora das fronteiras; e por causa das multinacionais, empenhadas a sugar até a última gota de petróleo disponível.

Mas isso não pode durar muito tempo. E,uma vez esgotado o petróleo, será o inferno para algumas dezenas de milhões de pessoas.

Raro Eclipse Solar em 03 de novembro 2013


Raro Eclipse Solar em 03 de novembro. Um grande evento astronômico do ano é um eclipse solar “híbrido“. 

A edição deste ano é especialmente rara porque começa com eclipse anular e termina com um eclipse total. O Cartógrafo Michael Zeiler acumulou muitos mapas e muita informação gráfica em seu site . Quando a Lua passa diretamente entre o Sol e a Terra, o resultado habitual é de um eclipse solar total ou anular. Mas o evento no dia 3 de novembro é uma espécie de eclipse híbrido. 

Raro Eclipse Solar em 03 de novembro. Um grande evento astronômico do ano é um eclipse solar “híbrido”. Estranho para voce? A Lua passa em frente ao Sol, gerando um eclipse anular fugaz no início e um relativo e breve eclipse total mais tarde.

OBSERVING BLOG by Kelly Beatty

Quando a Lua passa diretamente entre o Sol e a Terra, o resultado habitual é de um eclipse solar total ou anular. Mas o evento no dia 3 de novembro é uma espécie de eclipse híbrido. No ponto do Atlântico Norte onde a sombra umbral da Lua começa a sua corrida em terra, a cerca de 600 milhas (1.000 km) a leste de Jacksonville, na Flórida, EUA, um observador extremamente bem colocado iria começar a ver um anel vestigial do Sol em torno da silhueta da Lua por alguns segundos fugazes, logo após o amanhecer de 03 de novembro.


Acima: O eclipse em 3 de novembro de 2013, começa como um evento anular (no extremo esquerdo da linha verde), mas rapidamente torna-se um eclipse solar total na medida que a sombra da Lua cruza o Oceano Atlântico e vai até a África central. Clique na imagem para uma versão maior. Sky & Telescope ilustração / fonte: F. Espenak

Mas depois disso, na medida que a sombra se projeta para sudeste, as “pegadas” da sombra da lua se acelera devido à curvatura da Terra. Assim, a aparência muda para ser de um eclipse total – embora relativamente curto. O “grande eclipse,” demorará cerca de 99 segundos e meio de totalidade, acontecerá cerca de 12:46 horas Tempo Universal (10:46 horário de Brasilia) em um ponto a cerca de 200 milhas (330 km) a sudoeste da costa da Libéria. A sombra umbral da Lua terá apenas 29 milhas de largura (47 km), quando atingir a África no Gabão, onde haverá 68 segundos de totalidade. 

Em seguida, ele desliza para leste-nordeste através do Congo (até 53 segundos), República Democrática do Congo (44 segundos), Uganda (19 segundos), no norte do Quênia (13 segundos), antes de terminar no sul da Etiópia e Somália ocidental (1 segundo no pôr do sol). Durante o eclipse solar híbrido anterior, em abril de 2005, um trecho da totalidade foi imprensado entre as visões anulares no início e no fim. 


A edição deste ano é especialmente rara porque começa com eclipse anular e termina com um eclipse total. O Cartógrafo Michael Zeiler acumulou muitos mapas e muita informação gráfica em seu site. Por um pouco de diversão de uma olhada nas circunstâncias “e se” ao longo do caminho umbral, confira mapa interativo do eclipsede Xavier Jubier que cobre o caminho da sombra do eclipse umbral no Google Earth. Vou estar com a equipe da expedição Sky & Telescope do eclipse na costa leste do lago Turkana, no noroeste do Quênia, onde nós estamos esperando para ver 11 segundo de totalidade. 

Isso não é muito tempo – não há tempo nenhum para se atrapalhar com as configurações da câmera para fotografar! - Mas seremos recompensados com visual belíssimo de efeitos de Baily e longos arcos carmesim de cromosfera do sol. Vários outros pequenos grupos estarão conosco no Quênia, porque é onde o meteorologista Jay Anderson (o “sumo sacerdote” da previsão do tempo de duração de um eclipse) espera a melhor probabilidade de céu sem nuvens em ao longo do caminho da totalidade por toda a África. 

E mesmo a partir daí a chance é de 50:50, então nos desejem boa sorte! Uma previsão da aparencia da “lua mordida” para o café da manhã. Enquanto isso, uma ampla faixa de locais no leste dos Estados Unidos, norte e nordeste da América do Sul, o Mediterrâneo, e praticamente toda a África começa a desfrutar de um eclipse solar parcial – se o clima permitir, é claro.


Se o clima permitir, os madrugadores ao longo da costa oriental dos EUA poderão ver um eclipse solar parcial no nascer do sol em 3 de novembro de 2013. Percentagens mostram fração da área do Sol coberto pela lua.

Sky & Telescope ilustração / fonte: Stellarium

Nos EUA, o eclipse parcial já está no máximo quando o sol espreitar ao longo do horizonte sudeste de madrugada. Quanto mais a leste e ao norte estiver ao longo da costa oriental, através de Boston, será a melhor vista. Basicamente ninguém a oeste das Montanhas Apalaches começa a ver o eclipse – os madrugadores ao longo de uma linha desde Akron a Atlanta verão apenas um ligeira corte no Sol Nascente. 

O gráfico anterior mostra a representação de seis vistas de locais diferentes. Para um conjunto mais completo de cidades, dê uma olhada no grande mapa do Zeiler. Além disso, verifique este quadro de circunstâncias do eclipse para várias cidades compilados por Fred Espenak. (Note que a tabela utiliza Tempo Universal-UTC, então ajuste para seu fuso horário) 

Para assistir ao eclipse parcial de madrugada, você vai precisar de um horizonte desobstruído, binóculos ou um telescópio equipado com um filtro solar seguro sobre a frente. Sempre usar um filtro (lentes especiaia para fotografar e/ou ver o sol) solar de boa qualidade quando se olhar para o Sol brilhante, seja durante um eclipse parcial, ou em qualquer outro momento. S & T ’s editores muitas dicas para visualizar o Sol de forma segura.



Fonte: ufosonline.blogspot.pt